Qual é a relação entre o conhecimento envolvido em uma receita de chá caseira, e uma visualização de dados?

Nesta obra, propomos especular a convergência de múltiplos saberes envolventes no que, inicialmente, parece ser uma simples ação: de produzir um chá. Queremos reativar as múltiplas camadas de conhecimento que envolvem esta ação: dados botânicos, históricos, cantos, palavras, corpos e danças, todas tecnologias invisibilizadas ao longo da construção de uma ciência universalizante.

Como artistas, propomos tensionar as ferramentas de  produção, captura e processamento de dados repensando relações hegemônicas das tecnologias, expandindo uma proposição que integra outras compreensões sobre modos de existir. Utilizamos a visualização de dados como um método de ação desviante para ressignificar as relações humano-data-paisagem.

Elegemos a infusão, produto com uma vasta história global, como o resultado de uma experiência de coleta e registro de dados. O enxergamos como um gesto de categorização e visualização que perpassa a história humana. O objetivo é simples: visualizar as interações de dados presentes em uma xícara de chá de infusão, e assim, procurar o equilíbrio em meio ao turbilhão dos dados digitais contemporâneos.

Assim, com a receita da infusão caseira, buscamos maneiras de estabilizar o desequilíbrio causados pelas experiências contemporâneas com os dados digitais e assim discutir a partir dele formas de existir numa sociedade dataficada. Dar atenção as relações de dados presentes entre o material e o imaterial, entre o tempo fugaz e a memória ancestral, entre as formas de habitar o mundo tecnológicas e tradicionais.